sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"CÂNCER DE COLO UTERINO: IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE, PROGRAMAS DE CONTROLE E PRINCIPAIS CONDUTAS"

Epidemiologia do Câncer de Colo Uterino


Aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo. É o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de aproximadamente, 230 mil mulheres por ano.

Brasil: 18.430 novos casos para 2010 (INCA, 2009)

Risco estimado de 18 casos a cada 100.000 mulheres.

Região Norte: é o mais incidente, sem considerar os tumores de pele não melanoma - novos casos esperados: 23/100.000 mulheres.

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO E MAMA

IMPLANTADO NO BRASIL EM 1997.

Câncer no Brasil = Problema de Saúde Pública

 Problemas de Cunho social e econômico que dificultam o acesso aos serviços.

 Má qualidade da coleta que colabora para o aumento de resultados falso-negativos.

 Coleta insatisfatória que obriga a uma recoleta indesejada e que muitas vezes não é realizada.

PODEMOS MODIFICAR ESSE QUADRO

 MAIS INFORMAÇÕES À POPULAÇÃO.

 TREINAMENTO DOS PROFISSIONAIS.


Lei nº 11.664 (29/04/2008)

Dispõe sobre a efetivação de ações de saúde que assegurem a prevenção, a detecção, o tratamento e o seguimento dos cânceres do colo uterino e de mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.

Esta Lei assegura entre outros itens:

 A realização de exame citopatológico do colo uterino a todas as mulheres que já tenham iniciado sua vida sexual, independentemente da idade;

 A realização de exame mamográfico a todas as mulheres a partir dos 40 (quarenta) anos de idade.


AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES CLÍNICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NA INTERPRETAÇÃO DO EXAME CITOPATOLÓGICO:

Data da coleta/data da última menstruação

 Células endometriais até o 12º dia do ciclo = normal.

 A presença de células endometriais normais na segunda metade do ciclo menstrual pode estar relacionada com patologia endometrial.

Idade da paciente (peri ou pós-menopausa)

 Presença de células endometriais em citologia de pacientes peri ou pós-menopáusicas se relaciona com um aumento na detecção de hiperplasias e adenocarcinoma do endométrio;

 Mulheres com mais de 50 anos com este achado citológico, mostram até 15 vezes mais possibilidade de ter um adenocarcinoma endometrial.

Uso de hormônios esteróides (TRH)

 a administração de hormônios esteróides, na mulher menopausada, provoca uma proliferação e uma descamação de células endometriais que podem ser encontradas a nível cérvico-vaginal;

 encontra-se também maturação das células da ectocérvice (semelhante à citologia de mulheres mais jovens).

Gravidez

 possui padrões celulares diferentes nas três fases:

primeiro, segundo e terceiro trimestres.

 Possui padrões celulares diferentes:

mulheres na fase fértil não gravidas.

Dispositivo intra-uterino (DIU)

 As alterações citológicas relacionadas ao diu se caracterizam pela presença de células que podem ser confundidas com adenocarcinoma;

 Deve-se fazer diagnóstico diferencial de adenocarcinoma na presença de diu.

Pólipo endocervical e endometrial

 a pressão mecânica exercida por um pólipo na mucosa glandular pode provocar a presença de células atípicas. Mostram-se, às vezes, com formas gigantes, o que pode confundir o citologista.

Interrupção da gravidez – curetagem

 Essa eventualidade merece ser citada, pois se os dados clínicos não mencionam a curetagem, o diagnóstico de malignidade pode ser evocado.

Efeitos da radioterapia

 a citologia permite observar lesões celulares a nível de tecidos tumorais e dos tecidos vizinhos normais;

 A radioterapia ocasiona alterações do epitélio escamoso e endocervical que imitam processos displásicos e malignos;

 a persistência ou o reaparecimento de atipias citológicas severas cerca de seis semanas após a radioterapia de tumores malignos cervicais, assinala o fracasso da ação das radiações.

Efeitos da quimioterapia

 agentes alquilantes exercem um efeito direto sobre as células do epitélio escamoso cérvico-vaginal semelhante as modificações que ocorrem nas nic’s.

Efeitos da cauterização e crioterapia

 o calor ou o frio utilizados no tratamento das lesões pré-cancerosas do colo do útero, agem sobre as células benignas e atípicas;

 os efeitos imediatos (fase aguda) são um aumento de tamanho das células, vacuolização nuclear e citoplasmática, compactação da cromatina e ruptura da membrana nuclear. Essas reações duram de 8 a 10 dias.


NOMENCLATURA BRASILEIRA PARA LAUDOS CERVICAIS

Avaliação pré-analítica:

Amostra rejeitada por:

 Ausência ou erro de identificação da lâmina e/ou do frasco;

 Identificação da lâmina e/ou do frasco não coincidente com a do formulário;

 Lâmina danificada ou ausente;

 Causas alheias ao laboratório (especificar);

 Outras causas (especificar).


Adequabilidade da amostra:

- Satisfatória

- Insatisfatória para avaliação oncótica devido a:

 Material acelular ou hipocelular (< 10% do esfregaço);

 Leitura prejudicada (> 75% do esfregaço) por presença de:

 sangue

 piócitos

 artefatos de dessecamento

 contaminantes externos

 intensa superposição celular

 outros (especificar)

Diagnóstico descritivo:

 Dentro dos limites da normalidade, no material examinado;

 Alterações celulares benignas;

 Atipias celulares.

Alterações celulares benignas:

 Inflamação

 Reparação

 Metaplasia escamosa imatura

 Atrofia com inflamação

 Radiação

 Outras: (especificar)

Atipias celulares:

 Células atípicas de significado indeterminado

Escamosas

- Possivelmente não neoplásicas

- Não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau

Glandulares

- Possivelmente não neoplásicas

- Não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau

De origem indefinida

- Possivelmente não neoplásicas

- Não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau

Atipias celulares:

 Em células escamosas

- Lesão intra-epitelial de baixo grau (compreendendo efeito citopático pelo HPV e Neoplasia intra-epitelial cervical grau I)

- Lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo Neoplasias intra-epiteliais cervicais graus II e III)

- Lesão intra-epitelial de alto grau, não podendo excluir micro-invasão

- Carcinoma epidermóide invasor

Atipias celulares:

 Em células glandulares

- Adenocarcinoma “in situ”

- Adenocarcinoma invasor:

- Cervical

- Endometrial

- Sem outras especificações

- Outras neoplasias malignas

- Presença de células endometriais (na pós-menopausa ou acima de 40 anos, fora do período menstrual)

V. Microbiologia:

-Lactobacillus sp

-Bacilos supracitoplasmáticos (sugestivos de Gardnerella/Mobiluncus)

-Outros bacilos

-Cocos

-Candida sp

-Trichomonas vaginalis

-Sugestivo de Chlamydia sp

-Actinomyces sp

-Efeito citopático compatível com vírus do grupo Herpes

-Outros: (especificar)



RDC 302 ANVISA - 13/10/2005

Dispõe sobre Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos.

Abrangência: Laboratórios Clínicos e postos de coleta laboratorial públicos e privados que realizam atividades na área de análises clínicas, patologia clínica e citologia.

 Processos Operacionais

 Registros

 Garantia da Qualidade

 Controle da Qualidade Interno e Externo

PARÂMETROS DA AVALIAÇÃO

Segundo a American Society of Cytopathology diferentes estratégias para o controle e a garantia da qualidade do exame citopatológico podem ser utilizadas:

 AVALIAÇÃO PRÉ-ANALÍTICA.

 REVISÃO DE CASOS.

 CORRELAÇÕES CITO-HISTOLÓGICA E CLÍNICA.

 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO EXAME.

 REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO.

 EDUCAÇÃO CONTINUADA.

 TESTE DE PROFICIÊNCIA.

 IMPLANTAÇÃO DO MIQ

 O Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) normatiza que a primeira leitura deve ser feita em tempo normal, sendo no máximo a leitura de 40 lâminas para cada 4 horas de trabalho.

 Encaminhar 10% das lâminas lidas pelo primeiro observador para rescreening por outros observadores para MIQ.

Todo laboratório de citologia deve controlar a qualidade de sua leitura microscópica.

Estudos mostram que dos resultados falso-negativos, cerca de 38% corresponde a erro de leitura.

E os outros 62%?

Podemos fazer um MIQ dos procedimentos referentes à fase pré-analítica:

 COLETA / CONFECÇÃO DO ESFREGAÇO

 FIXAÇÃO

 COLORAÇÃO

 MONTAGEM DA LAMÍNULA

Como Proceder?

 Esfregaço espesso ou fino demais.

 Bolhas de ar na montagem.

 Falta ou excesso de líquido de montagem da lamínula.

 Falta de identificação ou identificação inadequada da lâmina.

 Reconferência dos dados Lâmina/Solicitação do exame.

 Coloração avermelhada ou verde em excesso.

 Protocolo de todas as observações.

 Reuniões periódicas com todos os profissionais envolvidos no setor.

 Outros.

Um adequado sistema de CQ deve se apoiar:

 Na revisão acurada dos casos;

 Na troca de informações entre o clínico e o citopatologista;

 No intercâmbio com outros laboratórios;

 Na avaliação periódica do profissional, tanto de nível técnico como universitário;

 No controle dos casos de rotina.

PARTICIPAÇÃO DO MEQ

Os laboratórios participantes do PNCCCU devem encaminhar suas lâminas, selecionadas pelo SISCOLO, para a releitura nos laboratórios definidos pela coordenação estadual do Programa como UMEQ.

Enviar o mínimo de 10% do total de exames.

Critérios para seleção:

 Todas as lâminas com casos positivos;

 Todas as lâminas insatisfatórias;

 Mínimo de 5% dos exames normais, selecionados pelo número final do exame, aleatoriamente.

Os exames discordantes serão imediatamente comunicados ao laboratório de origem pela Coordenação do Programa, para que sejam adotadas as providências cabíveis.

“A contribuição para a redução do câncer de colo uterino envolve um esforço conjunto dos órgãos públicos, de programas educativos, imprensa, educadores, profissionais de saúde, de incentivos para capacitar e treinar esses profissionais e da comunidade em buscar informações e fazer uso dos seus direitos.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores